Mensagem do diretor-presidente

GRI 102-14

Em 2019 o Sistema Campo Limpo enfrentou grandes desafios, superados graças aos esforços de todos os elos da cadeia produtiva agrícola, que envolve agricultores, revendedores/ cooperativas e fabricantes, com o apoio do poder público. Chegamos ao final do ano com resultados expressivos!

Por três anos consecutivos, os volumes de embalagens destinados permaneceram próximo de 43 mil toneladas. Entretanto, em função do crescimento da área plantada, do uso de tecnologia e da ocorrência de pragas e doenças, o uso de agroquímicos cresceu em 2019 e, consequentemente, também a devolução de embalagens pós-consumo pelo agricultor. A gestão desse crescimento exigiu um grande esforço nas operações de recebimento, logística e destinação final ambientalmente correta. Das 43,5 mil toneladas previstas inicialmente, o volume foi revisado e chegou a 45,3 mil toneladas no fim de 2019.

 

“Referência mundial em logística reversa, além dos ganhos ambientais, o Sistema Campo Limpo movimenta a economia e contribui para a geração de trabalho e renda.”

Esse também foi um ano em que as discussões no âmbito da legislação demandaram muitos esforços, em especial nos campos fiscal e tributário. A busca por um novo modelo de movimentação das embalagens mais ágil e menos burocrático envolveu toda a nossa equipe, sendo apoiada por diversos consultores tributaristas externos. O resultado foi muito positivo e praticamente chegamos a um novo modelo que deverá ser implementado no futuro, trazendo benefícios para o Sistema e constituindo uma quebra de paradigmas. Ainda na área tributária, apresentamos um estudo para a Secretaria da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo, demonstrando a necessidade de mecanismos de incentivos para a cadeia de reciclagem oriunda da logística reversa. Aproveitando a discussão da Reforma Tributária que ocorre no Congresso Federal, atuamos para sensibilizar os parlamentares sobre os incentivos já previstos na PNRS (Política Nacional de Resíduos Sólidos). Defendemos que eles sejam contemplados pela reforma.

Ainda na área da legislação, o impacto da Tabela de Fretes aumentou os custos para a logística reversa, o chamado “frete de retorno”. Na busca de uma solução, nos reunimos com diretores da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) e participamos de vários fóruns e reuniões promovidos pela organização.

Buscando otimizar a gestão do Sistema Campo Limpo, ganhar eficiência, produtividade e reduzir custos, o Conselho Diretor procurou, dentro de uma visão sistêmica, avaliar um modelo de gestão centralizada das unidades centrais de recebimento. Após quatro anos de análises, com a participação dos membros do Conselho e associados – fabricantes e entidades que representam todos os elos da cadeia agrícola, como a Abag (Associação Brasileira do Agronegócio), Aenda (Associação Brasileira dos Defensivos Genéricos), Andef (Associação Nacional de Defesa Vegetal), Andav (Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários), OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) e Sindiveg (Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal) – chegamos à conclusão de que o inpEV deveria estabelecer um plano para assumir o gerenciamento dessas unidades. Os benefícios da gestão integrada ficaram evidentes para todos. Além da otimização e ganhos de produtividade, uma gestão integrada com procedimentos padronizados traria mais segurança, mitigação de riscos e permitiria ao distribuidor dedicar mais foco ao seu negócio, além de ter o custo de participação bastante reduzido. Todas as outras ações nas áreas de educação, comunicação, suporte aos postos de recebimento e recebimentos itinerantes continuam sendo feitas em conjunto.

Na busca do desafio estabelecido na nossa visão de ter um Sistema que se autofinancia, em 2019 geramos recursos que respondem por mais de 60% do custo do Sistema Campo Limpo. Nosso objetivo é zerar os custos de todos os atores envolvidos.

O Sistema Campo Limpo – inpEV é um exemplo de economia circular. Podemos afirmar que o Sistema, a partir de todos os investimentos feitos na sua operacionalização, do valor gerado pelos recicladores, dos empregos criados e do envolvimento de terceiros movimentou cerca de R$ 450 milhões em 2019. Além disso, ambientalmente, contribuiu para evitar a emissão de gases geradores de efeito estufa.

Ainda celebramos o reconhecimento da sociedade. O PEA (Programa de Educação Ambiental Campo Limpo) foi reconhecido pelo UN DESA (Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas) como uma boa prática na disseminação dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) para as 240 mil crianças que participaram do programa em 2019. Um marco do PEA foi o início da sua implementação na rede municipal de ensino da cidade de São Paulo. Além disso, passamos a integrar a Rede Brasil do Pacto Global, importante agenda global de desenvolvimento sustentável, e o Proclima (Programa Estadual de Mudanças Climáticas do Estado de São Paulo), destacando o Sistema Campo Limpo como um exemplo exitoso de enfrentamento das mudanças climáticas.

O Sistema Campo Limpo – programa brasileiro de logística reversa das embalagens vazias ou com sobras pós-consumo de defensivos agrícolas – continua sendo uma referência mundial. Recebemos a visita de vários países para conhecer o nosso programa. Além de termos ido à China compartilhar a experiência brasileira, recebemos uma missão chinesa no inpEV, em dezembro. O interesse pelo nosso Sistema é grande, e eles já manifestaram o interesse em aprender conosco.

Encerro esta mensagem como iniciei, parabenizando todos os elos que contribuem para que o Sistema Campo Limpo seja continuamente aprimorado: motivo de orgulho para a sociedade e, em especial, para a agricultura brasileira.

João Cesar M. Rando
diretor-presidente do inpEV